Responder esta pergunta nem sempre é fácil. Não basta apenas olhar para as dosagens de colesterol no sangue. Os remédios para redução de colesterol, especificamente os conhecidos como ESTATINAS (sinvastatina, atorvastatina, rosuvastatina, pravastatina, pitavastatina, fluvastatina) foram desenvolvidos inicialmente para reduzir os níveis de colesterol LDL (o ruim) no sangue. Após décadas e diversos grandes estudos científicos, ficou claro que, além de reduzir colesterol, estes remédios são ótimos para reduzir o RISCO de a pessoa vir a sofrer um infarto (ataque do coração), AVC (derrame) e até de morrer. Esta característica das estatinas é que determina a necessidade ou não de seu uso. São medicamentos que reduzem a chance (risco) de eventos (infarto, AVC, morte). Então, seu uso deve ser considerado para quem tem uma chance alta de eventos, e não para quem tem colesterol alto apenas, isoladamente. Ao contrário do que possa parecer, existem pessoas com colesterol alto e risco baixo, que não necessitam uso de estatinas, pois não é possível reduzir o que já é baixo; inversamente, existem pessoas com colesterol baixo mas risco alto, que precisam usar estatinas. As estatinas reduzem o perigo mesmo em pessoas com colesterol baixo.

Infelizmente, muita confusão tem ocorrido com estes conceitos, e, se o paciente não estiver bem orientado sobre a real necessidade (ou não) do uso destas drogas, dificilmente aceitará a recomendação médica.

Ao avaliar a necessidade de usar ou não usar estatinas, o médico precisa de muitos outros dados além das dosagens (confiáveis) de colesterol, como por exemplo: sexo, idade, níveis de pressão, outras medicações em uso, níveis de glicose no sangue, doenças prévias do coração, problemas na tireoide, doenças nos rins, estado atual das artérias do paciente (presença ou não de aterosclerose, e quantidade desta), histórico familiar detalhado de doenças, profissão, atividade física costumeira, uso de cigarros, etc. Utilizando este tipo de informação, o médico competente poderá estimar o risco que o paciente está correndo de sofrer um evento cardiovascular (infarto, derrame, morte). Caso o risco seja classificado como alto, as estatinas podem ser consideradas para reduzir este risco, sempre lembrando que existem outras maneiras de reduzir o risco (atividade física regular, alimentação saudável, obter um sono suficiente e de boa qualidade, abandonar o fumo, normalizar a pressão elevada, manter-se no peso adequado, etc). As estatinas não são a única “arma” de que dispomos para reduzir a chance de eventos cardiovasculares, mas são uma das mais eficientes. Além disso, o profissional competente também deve avaliar o desejo do paciente em utilizar ou não o medicamento, e finalmente qual a expectativa do paciente perante o tratamento.

Importante salientar que, caso seja decidido pela indicação de uso destas drogas, o efeito benéfico somente será obtido com uso PERMANENTE das mesmas; ou seja, quem precisa usá-las vai precisar usar sempre, para o resto da vida, com raríssimas exceções.

Somente com uma avaliação completa assim é que o médico pode indicar (ou não indicar) com segurança o uso de estatinas. Se você está em dúvida sobre a indicação de uso destes medicamentos, agende uma consulta.